Bem, começou a primeira viagem. Eu, a minha moto e o Brasil. A saída é do Rio de Janeiro até Brasília. Indo via Belo Horizonte. Para uma viagem mais tranqüila a “Podrinha” precisaria de alguns detalhes que ainda não foram providenciados. Tipo um sissibar com bagageiro para acomodar melhor a mochila e as bolsas laterais e uma bolha ( parabrisa de moto) para reduzir o impacto do vento. Como eles não chegaram a tempo eu não deixaria de viajar. Apenas a atenção será redobrada. Perdeu-se também as imagens, sem estes acessórios não foi possível levar a máquina fotográfica e a filmadora. Na próxima irá e o registro será profundo.
A viagem está programada para uma parada a cada 2 horas, com descanso de 15 minutos, para alongar e abastecer. São 1.200 quilômetros de uma estrada razoável Até Juiz de Fora, a viagem foi tranqüila com uma estrada bem cuidada e sinalizada. Uma paisagem belíssima de montanha. Mesmo a serração intensa em alguns trechos da serra de Petrópolis, esta não conseguia ofuscar tamanha beleza. Uma parada estratégica em Juiz de Fora para dar um beijo na minha tia querida que foi passar uns dias com a filha, a neta e o bisneto. Foi ótimo, com direito a um jogo de boliche muito divertido e animado. Seguindo a viagem com a segunda parada programada em Barbacena, terra das rosas. A paisagem contemplada com carinho e admiração. A paisagem relaxa o interior e nos ensina a ver valores simples, que estão ao nosso alcance para a vida ser mais vivida e menos disputada. Está tudo ali é só comtemplar. Uma verificação na bagagem e uma conversa com D. Vera, dona de uma loja de material agrícola, onde fui comprar um plástico para reforçar a impermeabilização da mochila. O filho dela olhava admirado para a moto e ela sabiamente, como toda mulher é e mais sabia ainda pelo fato de ser a mãe, observava de longe o olhar do adolescente. Aproximou-se e perguntou:- Estás gostando! Seus olhos estão brilhando. O rapaz responde em uma frase curta:- Ela é muito linda. Eu pergunto ao garoto olhando para a mãe: -Você gosta de moto? Ela se adianta e diz: - É o sonho dele. Um sorriso tímido surge nos lábios do garoto e a mãe diz: - Pois é... Quando o filho sai toda mãe tampa os ouvidos para não ouvir a batida do coração aflito. Imagine de moto. Eu dou uma risada forte, quase uma gargalhada. Retruco o argumento dela defendendo o juízo que o menino tem. Ela concorda, o garoto gosta e terminamos o papo com ela dizendo que vai esperar ele crescer mais para saber se este juízo existe ou é só na frente da mãe. Saio rindo com mais uma lição aprendida. A preocupação é um forte sintoma de amor e a confiança não é imposta mais adquirida e o tempo é quem determina quando ela será absoluta. Eu acho que o garoto vai ter a ajuda da mãe para ter a sua primeira moto, será uma questão de tempo. É muito amor e cumplicidade dos dois. Notava-se no olhar deles.
A viagem segue, a estrada estava razoável, mais para boa do que para ruim. Mais perigosa pelo movimento e pelas curvas. Temia deparar com um buraco grande no meio da curva. Mas não cruzei com nenhum. Peguei a avenida do contorno em Belo Horizonte com trânsito intenso. Estava na hora da terceira parada programada. Resolvi sair do movimento, para fazer a parada. O trecho de Belo Horizonte até Paraopeba é movimentado com muito caminhão e estranhei que não haviam tantos como de costume. Iamginei que em função da crise que fechou a maioria das minas que abastecem as siderúgicas da região este movimento tenha caído. Triste constatação. Parei antes de chegar a Sete Lagoas, abasteci, comi um chocolate, alonguei e segui minha jornada.
Bem, amanhã continuo a viagem para não cansar e o leitor poder alongar também.